O salão São Francisco da Paróquia São Sebastião no ultimo final de semana foi o local escolhido para receber os irmãos das Paróquias do Zonal Norte da Diocese de Parnaíba para a formação sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II. O encontro foi iniciado na tarde do sábado, 18 de Agosto, e concluido na manhã do domingo, 19 de Agosto.
Pe. Siqueira (Coord. Pastoral zonal Norte) deu as boas vindas aos movimentos e pastorais presente na formação.
A irmã Vilma de Buriti dos Lopes, realizou a oração inicial.
A formação foi ministrada pelo Diácono permanente de Brasília, Diac. Ribamar.
O tema abordou os 50 anos do concilio Vaticano II, concílio este convocado pelo Beato João XXIII em 25 de dezembro de 1961, foi solenemente aberto pelo mesmo no dia 11 de outubro de 1962 e encerrado pelo Papa Paulo VI em 8 de dezembro de 1965.
Porque João XIII convocou um novo concilio? ele Ele considerava que estávamos entrando num período grave da história humana: “A Igreja assiste, hoje, a uma crise que aflige gravemente a sociedade humana. Obrigações de gravidade e de amplitude imensas pesam sobre a Igreja”, dizia o Papa na Constituição Apostólica Divino Redentor, que convocou o Concílio. O grande problema que ele via era que “a sociedade moderna caracteriza-se por um grande progresso material ao qual não corresponde igual progresso no campo moral. Daí o impulso para a procura quase exclusiva dos gozos terrenos, que o avanço da técnica põe, com tanta facilidade, ao alcance de todos”. O Papa nem imaginava o quanto isso iria se agravar! Mas ele não era pessimista: via “sinais dos tempos” positivos e prometedores: a Igreja não estava sofrendo perseguição (somente nos países comunistas), depois da II Guerra, havia um desejo de paz, solidariedade e entendimento entre as nações, havia um maior desejo de união entre os cristãos, o Papa pensava que os meios tecnológicos iriam ajudar a Igreja a difundir melhor o Evangelho e, finalmente, julgava que o mundo estaria mais aberto para dialogar com a Igreja.
O Santo Padre sempre deixou claro que este novo Concílio deveria sempre estar em continuidade com os outros vinte anteriores e deveria ser fiel à Tradição e à fé perene da Igreja de Cristo. E não poderia ser de outro modo. Escutemo-lo no discurso de abertura do Concílio: “É bem natural que, inaugurando o Concílio Ecumênico, nos apraza contemplar o passado, para ir recolher, por assim dizer, as vozes, cujo eco animador queremos tornar a ouvir na recordação e nos méritos, tanto dos mais antigos, como também dos mais recentes Pontífices, nossos predecessores: vozes solenes e venerandas, elevadas no Oriente e no Ocidente, desde o século IV até à Idade Média, e desde então até aos nossos dias, que transmitiram desde aqueles Concílios o seu testemunho; vozes a aclamarem em perenidade de fervor o triunfo da instituição divina e humana, a Igreja de Cristo, que recebe dele o nome, a graça e o significado”. Seu desejo era que a Igreja anunciasse a verdade de Cristo integralmente: “O grande problema, proposto ao mundo, depois de quase dois milênios, continua o mesmo. Cristo sempre a brilhar no centro da história e da vida; os homens ou estão com ele e com a sua Igreja, e então gozam da luz, da bondade, da ordem e da paz; ou estão sem ele, ou contra ele e deliberadamente contra a sua Igreja: tornam-se motivo de confusão, causando aspereza nas relações humanas, e perigos contínuos de guerras fratricidas”. O Papa desejava muito que, com o Concílio, a Igreja encontrasse um modo mais atual de apresentar ao mundo a verdade de sempre. Nada de mudar a doutrina e a moral, nada de amolecer o Evangelho, mas apresentá-lo de um modo mais compreensível ao mundo de hoje: “O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz. Essa doutrina abarca o homem inteiro, composto de alma e corpo, e a nós, peregrinos nesta terra, manda-nos tender para a pátria celeste”. O Papa recordava, então, o dever da Igreja de empenhar-se em incentivar a humanidade nas suas tarefas tanto individuais quanto sociais, mas recordava que “é necessário primeiramente que a Igreja não se aparte do patrimônio sagrado da verdade, recebido dos seus maiores; e ao mesmo tempo, deve também olhar para o presente, para as novas condições e formas de vida introduzidas no mundo hodierno, que abriram novos caminhos para o apostolado católico”.
Finalmente, o Papa esperava que o Concílio tivesse uma preocupação sobretudo pastoral, uma preocupação de fazer o possível para promover a compreensão entre os cristãos separados da Igreja católica e que usasse mais “o remédio da misericórdia do que o da severidade”.
Foram estes os objetivos de João XXIII. Ele morreu logo. Quem continuou o Concílio foi o Santo Padre Paulo VI. Para facilitar o seu andamento, o novo Papa organizou assim as discussões: o tema central do Concílio deveria ser a Igreja. Primeiro: que é a Igreja? Segundo: qual a sua relação com o mundo atual? Daí surgiram os principais documentos conciliares: a Lumen Gentium (que é a Igreja?), a Dei Verbum (como Deus se revelou e como a Igreja guarda essa revelação?), a Sacrosanctum Concilium (como a Igreja celebra o mistério de Cristo?) e a Gaudium et Spes (como a Igreja se coloca no mundo?)
Que é um concílio? É a assembléia de todos os Bispos do mundo ou de uma representação dos Bispos do mundo inteiro que, em comunhão com o Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, procura esclarecer questões de fé, de moral ou da vida prática da Igreja. Os concílios são momentos fortes e importantíssimos para a vida de toda Comunidade dos discípulos de Cristo. Em certo sentido, um primeiro encontro assim deu-se em Jerusalém, na época dos Apóstolos, para decidir uma grave questão: os pagãos que se convertessem ao cristianismo precisavam ou não cumprir a Lei de Moisés e o Antigo Testamento. A resposta foi: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós dispensar os cristãos de cumprirem os preceitos do Antigo Testamento” (cf. At 15,1-35). Ao longo da história da Igreja ocorreram ao todo vinte e um concílios ecumênicos. “Ecumênico” aqui não significa que seja uma reunião com outras religiões. Ecumênico significa apenas que o Concílio vale para toda a Igreja; isso para distinguir dos concílios regionais ou nacionais, com Bispos só de uma região ou de um país. Os concílios ecumênicos têm, pois, autoridade sobre toda a Igreja de Cristo, pois aí está reunido o Colégio dos Bispos juntamente com o Papa, como o Colégio dos Apóstolos juntamente com Pedro. A fé nos ensina que os participantes de um concílio gozam de especial assistência do Espírito Santo: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15,28). (Texto: Dom Henrique Soares da Costa, Bispo Titular de Acúfica e Auxiliar de Aracaju)
Formação Realizada pela Coordenação Pastoral Zonal Norte
Diocese de Parnaíba-PI
Fotos Tatiana Meireles
(Coord. Pastoral Zonal Norte)
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